Sabe quando seu bebê estica os braços para alcançar algum brinquedo,
consegue agarrá-lo sem a sua ajuda e fica lá revirando o dito cujo com as
mãozinhas? Pelo que indicam os resultados de uma pesquisa realizada na
Universidade de Pittsburgh, dos Estados Unidos, essa habilidade é preciosa para
o desenvolvimento dele.
Especialistas acompanharam 36 bebês com 3 meses de idade que, ao longo
de duas semanas, se dedicaram a atividades relacionadas ao alcance de objetos,
pelo menos, durante 10 minutos por dia. Metade das crianças usou luvas de
velcro durante o experimento, nas quais os brinquedos, que eram dotados de
fitas, grudavam. Isso fez com que elas ficassem mais engajadas na exploração
desses itens, apresentando maior interesse visual e se distraindo menos durante
a brincadeira. Elas também apertaram e giraram os brinquedos nas mãos por um
período mais longo do que as que não
tinham as luvas.
Aos 12 meses de idade, 25 crianças dentre essas passaram novamente
pelo experimento, apresentando os mesmos resultados. Nessa segunda etapa, os
pais também preencheram um questionário. Por meio das respostas, os
especialistas observaram que as crianças que usaram as luvas de velcro
apresentaram melhor desempenho no que se refere a manter um foco de atenção.
Para o autor do estudo, Klaus Libertus, professor assistente da universidade,
“é impressionante que horas dedicadas a atividades de alcance de objetos aos 3
meses possam se refletir nas habilidades de exploração e foco aos 12 meses”.
Outro ponto interessante é que os especialistas apontam que a
habilidade de alcançar objetos provoca um efeito cascata no desenvolvimento. Ou
seja, o bebê passa a adquirir uma série de novas competências a partir desta
primeira. A coordenação motora fina, por exemplo, que é necessária para
manipular objetos, está associada a um melhor vocabulário e desenvolvimento da
linguagem no futuro. “Todo aprendizado é integrado”, resume o neuropediatra
Vinícius Scaramuzzi, do Hospital Santa Catarina (SP), que vê na pesquisa uma
prova da importância do desenvolvimento da criança durante os primeiros anos de
vida.
Ele explica que o bebê já nasce com alguns reflexos de sobrevivência,
como a sucção, que permite que ele mame, e a mãozinha que se fecha quando
encontra o dedo da mãe. Você pode achar fofo quando o bebê segura seu dedo, ou
pensar que ele é esperto porque já nasceu sabendo mamar, mas não é bem assim.
Esses reflexos são involuntários.
Conforme o bebê se desenvolve, a mielina, uma substância lipídica que
está associada à condução de impulsos
nervosos, vai se espalhando pelo corpo. Ela avança de cima para baixo, no mesmo
sentido em que acontece o desenvolvimento do bebê, que primeiro sustenta a
cabeça, depois mexe as mãos e só depois os dedos. “Conforme a mielina progride,
o bebê vai adquirindo controle dos seus movimentos, que deixam de ser
realizados como um reflexo e passam a ser voluntários”, explica Scaramuzzi.
Para se ter uma ideia de quão essencias são os primeiros anos de vida, basta
saber que a mielina continua se espalhando até os 20 e poucos anos de idade,
mas que de 90 a 95% dela se deposita somente até os 2 anos de idade. Por isso, todo estímulo que o bebê receber
nessa fase é tão importante.
Então preciso treinar meu
filho para que ele agarre os brinquedos?
Não, o resultado da pesquisa
não significa que os pais devam fazer algum tipo de treinamento com os filhos.
A criança vai adquirindo a habilidade de alcançar objetos gradativamente e de
forma natural. Mas você pode, sim, dar uma mãozinha com pequenas inciativas. A
partir dos 3 meses, por exemplo, um móbile pendurado sobre o berço pode ajudar
o bebê a manter o foco e também incentivá-lo a esticar os braços na tentativa
de alcançar esses penduricalhos que chamam tanto a atenção. A partir dos 4 ou 5
meses, quando os pequenos adquirem habilidade motora suficiente para pegar e
segurar objetos com as mãos, deixe ao alcance deles brinquedos e outros objetos
que não ofereçam risco.
É importante ter em mente que, apesar de o cérebro do bebê funcionar
como uma verdadeira esponja, que absorve com muito mais facilidade qualquer
tipo de incentivo, até os 2 anos, isso não significa que seja preciso
sobrecarregar a criança. “Não adianta encher de estímulo um sistema nervoso que
ainda não está preparado”, ressalta o neuropediatra. A melhor maneira de ajudar
seu filho é criar condições para que ele possa se movimentar de forma livre,
explorando o mundo à sua volta. Colocá-lo em um espaço seguro e amplo, sob a
sua supervisão e com brinquedos à mão, é o que basta. Um único detalhe que pode
fazer a diferença é limitar o número de objetos disponíveis, para que o bebê
não fique disperso. Em vez de deixar 20 brinquedos espalhados pelo chão,
escolha apenas três ou quatro e, quando a criança não estiver mais interessada,
substitua-os por outros. Tenha certeza que, com essas atitudes, você estará
dando ao seu filho a chance de muitas e muitas conquistas pela frente!
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