1. Brincar
Por que trabalhar Embora a brincadeira
seja uma atividade livre e espontânea, ela não é natural, mas uma criação da
cultura. O aprendizado dela se dá por meio das interações e do convívio com os
outros. Por isso, a importância de prever muito tempo e espaço para ela.
"Temos a capacidade de desenvolver a imaginação - e é essa habilidade que
o brincar traz", diz Zilma de Oliveira, da Universidade de São Paulo
(USP).
O que propor Uma das primeiras
brincadeiras do bebê é imitar os adultos: ele observa e reproduz gestos e
caretas no mesmo momento em que acontecem. Com cerca de 2 anos, continua
repetindo o que vê e também os gestos que guarda na memória de situações
anteriores, tentando encaixá-los no contexto que acha adequado. Tão importante
quanto valorizar essas imitações é propor ações físicas que possibilitam
sensações e desafios motores. "É pela experimentação que a criança se
depara com as novidades do espaço, sente cheiros e percebe texturas, tamanhos e
formas", explica Ana Paula Yasbek, coordenadora pedagógica da Escola
Espaço da Vila, em São Paulo.
Alguns
brinquedos também fazem sucesso nessa fase. Os mais adequados são os de peças
de montar, encaixar, jogar e empilhar, além dos que fazem barulho. É preciso
ter cuidado com a segurança e só usar objetos maiores do que o tamanho da boca
do bebê quando aberta.
Para um
trabalho eficiente, uma boa estrutura é essencial. Isso inclui ter material
suficiente para que todos consigam compartilhar e um bom espaço de criação.
"Os ambientes devem ser convidativos e contextualizados com a história que
se quer construir", diz Ana Paula. Uma área ao ar livre, mesmo que com
poucas árvores, vira uma grande floresta. Uma sala bem cuidada, rica em cores e
com variedade de brinquedos e estímulos igualmente possibilita momentos
criativos, prazerosos e produtivos.
Esta creche faz Em Vitória, capital
capixaba, a brincadeira é parte da rotina diária da CMEI João Pedro de Aguiar.
As salas das turmas de 2 anos, por exemplo, são divididas em cantos. Num deles
ficam os brinquedos de madeira para montar. Noutro, bichos de pelúcia e
bonecas. Num terceiro, livros. Tudo em uma altura que permita a todos pegar o
que querem sem ajuda. Diariamente, a classe passa um bom tempo no pátio, em que
uma área é forrada de areia e outra acomoda brinquedos de plástico, como
escorregador e cavalinho de balanço. "Ali, os pequenos correm e encontram
amigos de outras turmas para que tenham a oportunidade de viver novas
situações", diz a coordenadora pedagógica Wanusa Lopes da Silva Zambon.
2. Linguagem oral
Por que trabalhar Quando o bebê se
expressa com gritos ou gestos, ele tem uma intenção. "Mesmo os que têm
pouco vocabulário ou que ainda não falam com desenvoltura estão participando da
atividade comunicativa de forma competente e correta", diz Maria Virgínia
Gastaldi, Editora de Educação Infantil da Editora Moderna. Para que a linguagem
oral se desenvolva, cabe ao professor reconhecer a intenção comunicativa dos
gestos e balbucios dos bebês, respondendo a eles, e promover a interação no
grupo.
O que propor Desde muito cedo,
cantigas de roda, parlendas e outras canções são meios riquíssimos de propiciar
o contato e a brincadeira com as palavras e de estimular a atenção a sua
sonoridade. "O burburinho das conversas entre os pequenos, falando
sozinhos ou com os outros, é riquíssimo. Não se admite mais a idéia de manter a
sala em silêncio, com aparência que está tudo sob
controle", diz Regina Scarpa, da FVC.
As rodas de
conversa, feitas diariamente, são uma oportunidade de praticar a fala, comentar
preferências próprias e trocar informações sobre a família. Nessa situação, há
a interação com os colegas e aprende-se a escutar, discutir regras e
argumentar. Quanto menor for a faixa etária do grupo, mais necessária será a
interferência do educador como propositor e dinamizador dos diálogos.
Esta creche faz Todos os dias, a
turma de 2 anos da EMEB Valderez Avelino de Souza, em São Bernardo do Campo, na
Grande São Paulo, participa de rodas de conversa. Nessa fase, acontecem relatos
de experiências pessoais no bate-papo, além da invenção de outros elementos.
Foi o que aconteceu no dia em que um dos pequenos contou que tinha visto um
tubarão. "Outro completou dizendo que aquilo tinha sido na praia e um
terceiro falou que nadava como o bicho", conta a coordenadora pedagógica
Pétria Ângela de Jesus Rodrigues Ruy dos Santos. A professora foi puxando o
assunto e encaminhando a conversa. Um garoto, que até então estava quieto,
saiu-se com esta: "Meu pai pescou um tubarão. Ele era enorme. Professora,
quer ir pescar com meu pai?" Sabendo que é muito comum nessa fase mesclar
informações reais com outras tiradas da imaginação, ela, é claro, aceitou o
convite.
3. Movimento
Por que trabalhar O movimento é a
linguagem dos pequenos que ainda não falam e continua sendo a maneira de se
expressar daqueles que já se comunicam com palavras. "O pensamento é simultâneo
ao movimento e, por isso, não se pede que eles fiquem sentados ou quietos por
muito tempo. Evitar que se mexam é o mesmo que impedi-los de pensar",
explica Maria Paula Zurawski, assessora de Educação Infantil da Secretaria
Municipal de Educação de São Paulo. Portanto, quanto mais o professor
incentivar o movimento, maior será o aprendizado de cada um sobre si mesmo e o
desenvolvimento da capacidade de expressão.
O que propor O bebê precisa
participar de atividades que ampliem o repertório corporal para que percorra um
caminho de gradativo controle dos movimentos até conseguir se levantar e andar.
Aos poucos, ele passa a ter consciência dos limites do corpo e da conseqüência
de seus movimentos. São situações indicadas para o amadurecimento motor passar
por obstáculos como túneis, correr e brincar no escorregador.
Os espaços
da creche devem ser desafiadores e, ao mesmo tempo, seguros. São ambientes
propícios para as atividades desse tipo tanto o pátio como a sala. Ali, são
colocados bancos ou caixas que sirvam de apoio para os que estão começando a
andar e ficam distribuídos brinquedos de equilíbrio. Enquanto a turma se mexe
para lá e para cá, não se perde um lance. Um educador atento sabe quando um
suspiro revela cansaço ou uma careta demonstra algum desagrado.
Esta creche faz Brincar, dormir,
mamar, almoçar e dançar acompanhando o ritmo da música. A turma de 1 ano da CEI
Cidade de Genebra, em São Paulo, não pára quieta. "Logo que acordam, os
bebês tomam mamadeira e saem dos colchonetes quando querem. Como não há berços,
eles têm liberdade para se movimentar", diz a professora Anali Pereira dos
Reis. No solário, com brinquedos de plástico e espaço para correr, eles
escorregam, se balançam na gangorra e andam no cavalinho. Mesmo tão novinhos,
já são craques no sobe-e-desce e no equilíbrio. Faz pouco tempo que aprenderam
a andar, mas já entram nos carrinhos de plástico e saem dele sem ajuda e se
divertem passando por dentro de bambolês, dando cambalhotas e rolando nos
colchões.
4. Arte
Por que trabalhar A música e as artes
visuais são dois meios de os pequenos entrarem em contato com o que ainda não
conhecem. Nessa fase, as linguagens se misturam e um mesmo objeto, como um giz
de cera, pode ser usado para desenhar ou batucar. "Aqueles que têm
oportunidade de participar de atividades nessas áreas certamente desenvolvem
mais a capacidade cognitiva", diz Silvana Augusto, formadora do Instituto
Avisa Lá.
O que propor Quanto mais variadas
as experiências apresentadas, maior a garantia de qualidade no desenvolvimento
do grupo. Escutar sons, como os produzidos por batidas em várias partes do
próprio corpo e pela manipulação de objetos, ouvir canções de roda, parlendas,
músicas instrumentais ou as consideradas "de adulto" faz a diferença
nessa fase. Além de ouvir e repetir um repertório já conhecido, a turma deve
ser orientada a improvisar e criar canções, brincar com a voz, imitar sons de
animais e confeccionar instrumentos. "A música contribui para um
desenvolvimento pleno e harmônico, já que incide diretamente na sensibilidade,
na expressão e na reflexão", afirma Teca Alencar de Brito, co-autora do
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
Da mesma
maneira, o ideal são atividades de artes visuais diversificadas. Uma boa
prática inclui desenhos - e não o preenchimento de modelos prontos -, pinturas
ou esculturas usando diversos materiais e possibilitar o contato com novos
recursos visuais para ampliar as referências artísticas. As produções da classe
ficam à disposição para que sejam observadas e comentadas e para que cada um
reconheça o que é de sua autoria.
Esta creche faz No EMI Josefina Cipre Russo, em São Caetano do Sul, na
Grande São Paulo, artes visuais e música fazem parte do cotidiano dos pequenos
de 3 anos. Eles criam instrumentos com materiais reciclados e acompanham as
músicas dançando e cantando. No dia-a-dia, eles desenham com giz, lápis, guache
e aquarela, fazem esculturas e mexem com massinha e tintas comestíveis. Assim,
a turma sente cheiros e texturas e aprecia cores diferentes. "As tintas
são caseiras e dá para limpá-las facilmente. Colocar na boca ou deixar cair na
roupa não é problema", diz a diretora, Eliane Migliorini.
5. Identidade e autonomia
Por que trabalhar
O bebê nasce em uma situação de total dependência e, pouco a pouco,
necessita se tornar autônomo. "Enquanto adquirem condições para realizar
ações, as crianças começam a saber das conseqüências de suas escolhas",
explica Beatriz Ferraz, coordenadora pedagógica do Centro de Educação e
Documentação para Ação Comunitária, em São Paulo. Autonomia e identidade se
desenvolvem simultaneamente e, mesmo num ambiente coletivo, é preciso dar
atenção individualizada às crianças.
O que propor As melhores
experiências são as pautadas pelo relacionamento com os outros e pela demonstração
de preferências. "Se a criança não tem opção, como vai decidir?", diz
Cisele, do Avisa Lá. É essencial oferecer possibilidades - na hora da
brincadeira ou da merenda, por exemplo - para que os pequenos sejam
incentivados a se conhecer melhor e a optar. Ao servir os alimentos sem
misturá-los, o educador permite a cada um identificar aquilo de que mais gosta.
Oferecer a colher para que todos comam sozinhos também é primordial. Por meio
da observação, uns aprendem com os outros. Mesmo que no começo façam sujeira e
demorem para se alimentar, aos poucos adquirem a destreza do movimento.
A
organização do ambiente em cantos de atividades é outro meio de favorecer o
exercício de escolha, já que cada um define onde brincar, com quem e por quanto
tempo. Para ajudar na construção da identidade, cabe ao educador chamar cada um
pelo nome e ressaltar a observação dos aspectos físicos individuais.
"Colocar grandes espelhos nas salas, ter fotos de cada um junto dos
cabides em que penduram as mochilas, identificar as pastas com o nome e um
desenho, por exemplo, são ótimas maneiras de estimular a atenção para as
próprias características e fazê-los perceber a diferença e semelhança em
relação aos colegas", diz Cisele.
Esta creche faz Na turma de 2 anos
da CEI Jacyra Pimentel Gomes, em Sobral, a 248 quilômetros de Fortaleza, cada
criança vê o nome escrito, reconhece a própria foto e aprecia imagens da
família nas paredes da sala. A coordenadora pedagógica Carlinda Maria Lopes
Barbosa diz: "Cada um entende que é diferente do amigo por ser
identificado de outra maneira". Para reforçar esse aprendizado, explica-se
que existem objetos que são compartilhados e outros individuais, como a mochila
e as roupas.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/nao-pode-faltar-428520.shtml?page=0
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/nao-pode-faltar-428520.shtml?page=1
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/nao-pode-faltar-428520.shtml?page=2
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/nao-pode-faltar-428520.shtml?page=3
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/nao-pode-faltar-428520.shtml?page=4
0 comentários :
Postar um comentário